REVES NO INFINITO PARTICULAR DE RUY MUNIZ

Muniz em dois tempos: desfile em carro aberto no feriado do último Sete de Setembro e a chegada a Montes Claros após prisão da semana passada.Jogar beijinhos foi péssima ideia   


Demora em sair da cadeia e aparição no Fantástico complicam situação do prefeito de Montes Claros

(Por Luís Cláudio Guedes) A estratégia dos advogados do prefeito de Montes Claros, Ruy Muniz (PSB), para evitar danos maiores aos seus planos de reeleição após a prisão pela Polícia Federal na semana passada começa a fazer água. Frustrada a tentativa da obtenção do habeas corpus para evitar que o prefeito ficasse o fim de semana no presídio regional de Montes Claros, Muniz enfrenta novo e duro revés neste domingo.
Os bastidores da sua prisão será tema do quadro ‘Cadê o Dinheiro que tava aqui?’, do Fantástico. Potencializado no Brasil e exterior por conta da infeliz coincidência do voto da primeira-dama do município e deputada federal, Raquel Muniz (PSD), na votação da admissibilidade do impeachment da presidente Dilma Rousseff, no domingo passado, o estrago na imagem de Ruy Muniz beira o ponto da não reversão.
Raquel citou o marido, que seria preso pela Polícia Federal horas depois, como exemplo de gestão para o país. Muniz é acusado de direcionar atendimentos dos SUS para o Hospital Mário Ribeiro, ligado ao grupo empresarial Soebras, de sua propriedade, movimento que teria configurado tentativa de prejudicar os hospitais concorrentes e filantrópicos em Montes Claros.
Escrevi aqui outro dia que Ruy & Raquel são os meus malvados favoritos. Não é de hoje, as trapalhadas do casal rendem farto material para o cronista político. Há nove anos escrevi o artigo ‘O infinito particular de Ruy Muniz’, em que, de certa forma, alertava para os riscos da megalomania que se tornou a marca registrada do empresário.
A derrapada da primeira-dama horas antes da prisão de Muniz é desses acontecimentos imprevistos contra os quais há pouco a fazer. O prefeito, contudo, poderia ter evitado o gesto quase infantil de jogar beijinhos para a claque que contratou para recebê-lo na chegada a Montes Claros, a caminho do Presídio Regional. Passou arrogância e entregou de bandeja a imagem que pode vir a ser o hit da próxima sucessão municipal em Montes Claros. Ruy parece ter dificuldade em lidar com as adversidades. Veja o caso do Sete de Setembro do ano passado, quando, imprevidente, desceu do palanque para ficar a poucos metros do arco e flecha cenográficos que a índia Juvana Xakriabá empulhava em sua direção. Mais recentemente, ao enfrentar servidores municipais em greve, Muniz sugeriu que não admite malandragem e mandou os grevistas irem 'tomar no copinho'. Outro gesto desnecessário, que contribuíram para minar sua popularidade.
Esta segunda prisão de Muniz trouxe à tona o golpe de um milhão de dólares que protagonizou contra um banco público, em 1987. À época, Ruy era filiado ao PT. Vejam que ironia do destino: ao seu modo, ele antecipou em duas décadas o que viria se tornar o modus operandi do lulopetismo: o assalto às empresas públicas como método para eternizar seu projeto de poder. Vejam o que Ruy disse sobre o assalto ao banco federal:
"O roubo está ligado a minha militância política na juventude. Eu e meus amigos queríamos fortalecer o Partido dos Trabalhadores na região, ganhar eleições. Nós vimos que o sistema era corrupto e quisemos usar as mesmas armas do sistema. Pegamos o dinheiro de forma ilegal, jogamos com as mesmas armas deles". José Dirceu certamente avalizaria a tese.
Na entrevista que concedeu ao repórter Fredi Mendes (aquele mesmo que virou assessor de Raquel Muniz e envergonha o jornalismo livre ao chamar sua assessorada de ‘abelha rainha’), da Revista Tempo, lá pelos idos de 2007, Ruy Muniz explicitou o que chamei de seu infinito particular. Ruy previu que seria prefeito de Montes Claros e que usaria o cargo como plataforma de lançamento para voos muito mais ambiciosos: chegar ao governo do Estado e, posteriormente, à Presidência da República, no que repetiria os passos de Juscelino Kubitschek.
Médico de formação como JK, Muniz sonhava alto. Fala Ruy: "Querer é poder. Eu serei prefeito de Montes Claros, estou certo disto. Depois farei uma administração tão exemplar que ganharei reconhecimento em todo o Estado, e vou chegar ao Governo de Minas. Depois meu nome irá se projetar para o resto do país e certamente vou me tornar presidente da República. Pode escrever isso aí na entrevista..."
Ao ser preso pela Polícia Federal aqui em Brasília na manhã da segunda-feira (18), Ruy provavelmente teve o lampejo de que seu universo infinitamente particular ganhou limites não calculados. Quando deixar a prisão nos próximos dias, quiçá antes do seu aniversário de 56 anos no dia 2 de maior, o prefeito de Montes Claros terá a difícil missão de reverter os estragos da sua segunda temporada na prisão.


Vejam o que escrevi sobre Muniz no segundo texto sobre seu infinito particular:
“A realidade por vezes costuma ser madrasta com sonhos de hegemonia política. Na série de entrevistas que deu antes de assumir o cargo de prefeito de Montes Claros, o empresário Ruy Muniz ( então no PRB), traçou panorama de puro otimismo para o futuro (dele naturalmente). Uma virada pelos próximos oito anos nos rumos da visível deterioração por que passa a principal cidade do Norte de Minas seria, na visão de Muniz, passaporte para voos maiores. O governo de Minas e a Presidência da República, em horizonte de quatro mandatos (ou 16 anos no calendário). Projeto factível para seus quase 53 anos de vida. Mas...
Tem sempre o tal do ‘mas’. Sobram prenúncios de pedras no meio do caminho, como diria o poeta. Nem bem esquentou a cadeira de prefeito, Ruy Muniz amargou duas derrotas importantes para quem mira o céu como o não limite. Numa delas, ainda nos umbrais deste 2013, perdeu a disputa pela presidência da Câmara de vereadores de Montes Claros. A Presidência da Câmara, sempre estratégica no tabuleiro institucional e político, foi parar nas mãos da oposição. Figuras como Ruy Muniz não deixam de ser instigantes. Têm essa capacidade meio quixotesca de sonhar com o inatingível e anteciparem expectativas. O desafio que Muniz tem pela frente não é mesmo pequeno, porque Montes Claros é versão reduzida das muitas mazelas das nossas metrópoles (transito caótico, ocupação desordenada do solo por conta da migração, violência, sistemas falidos de saúde e educação, e por aí vai). Sem ter dado nenhuma mostra real de que vai colocar a cidade "de voltas aos trilhos’, até porque quando deu as tais entrevistas ainda não estava no cargo , o prefeito de Montes Claros pula etapas e começa a sonhar com o Palácio Tiradentes. No meio do caminho perde a Câmara Municipal e a Amams. Ruy Parece mirar seu infinito particular... Enquanto isso, a roda gira e a areia do tempo começa a passar pelo buraco da ampulheta”.
Pois é. A ampulheta rodou e a sorte não coadunou com os sonhos megalomaníacos de Ruy. Sua trajetória, como disse mais acima, é farta em material para os cronistas da política. A primeira-dama Raquel não deixa por menos. Após perder as eleições para deputada estadual em 2010, quando ficou com apenas 10,8 mil votos, a deputada trapalhona conseguiu o milagre das multiplicação dos votos para, na eleição seguinte, chegar aos 96 mil sufrágios na eleição para o Congresso Nacional. Raquel buscava fugir da vala comum em que se misturam deputados do baixo clero aqui em Brasília. Foi com muita sede ao pote e logo mais será a estrela do quadro 'Cadê o dinheiro que tava aqui?' .

Comentários

  1. Tem que ser muito picareta e cara de pau. Pois desonesto o Brasil todo já sabe. Bandido que rouba remédio educação e merenda escolar e tb Em estudantes tem que morrer na cadeia.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Janaúba: comunicamos o falecimento de Heloísie da Costa Silva

Na zona rural de Curvelo casal é encontrado morto; suspeita é de que o homem assassinou a mulher e se matou

Janaúba: batida entre caminhões na MGC-401 deixa três mortos