VAZANTEIROS DO NORTE DE MINAS OCUPARÃO PARQUES AMBIENTAIS NO PROJETO JAÍBA

Os vazanteiros que moram em ilhas e em áreas as margens do rio São Francisco, no Norte de Minas, serão assentados em três parques ambientais criados na região de Jaíba, em terras que foram desapropriadas pelo Estado. O assunto foi discutido ontem, durante o Seminário Sobre Reconhecimento dos Direitos de Povos e Comunidades Tradicionais do Médio São Francisco, organizado pelo Núcleo Interdisciplinar de Investigação Socioambiental da Universidade Estadual de Montes Claros, com a participação do Ministério Público Federal e Estado.
O superintendente estadual do Serviço de Patrimônio da União, Rogério Veiga Aranha, anunciou que no caso dos parques ambientais criados no Projeto Jaíba, como compensação ambiental, observou-se que o Estado desapropriou as áreas de fazendeiros que se identificaram como donos das terras, mas na verdade, estavam com documentos falsificados, pois as áreas eram públicas. Ele lembra que várias famílias de vazanteiros, que herdaram estas tradições por gerações, foram retiradas dos terrenos e passaram a viver em dificuldades. Depois dos estudos antropológicos, o Governo Federal está retomando essas áreas e regularizando a situação fundiária.
O secretário estadual de Direitos Humanos e Cidadania, Nilmário Miranda, que participa do assunto, explica que depois de identificadas as áreas públicas, o Governo Federal pediu a ajuda do Ministério Público Federal para através de ação de reintegração, assentar os vazanteiros, gerazeiros, quilombolas e indígenas nesses terrenos. Miranda explica que uma situação especifica é dos Remanescentes Indígenas Xacriabás, que forma a maior etnia indígena de Minas Gerais e passam por problemas estruturais. Ele estará nomeando um assessor indígena para sua pasta, visando criar uma prioridade para o segmento.
O vazanteiro José Antônio da Silva, de 58 anos e residindo na comunidade de Pau Preto, em Matias Cardoso, participou do Seminário, em Montes Claros, na esperança de resolver sua situação. Ele reside em área de 12 hectares, onde planta milho, feijão e abóbora, mas somente teve prejuízos por causa da seca. Perdeu toda fonte de renda e não passa por maiores dificuldades por que sua esposa Ana Bezerra da Silva passou a receber a aposentadoria. Sua lamentação é que nos 56 anos de vida na vazante do rio São Francisco, acabou sendo empurrado das suas terras pelos fazendeiros e agora pelo Parque Estadual Verde Grande. Recebeu a notícia de que poderá atuar na área, produzindo de forma sustentável e isso o alivia.


Pablo de Melo
pablo-labs@hotmail.com

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